quarta-feira, 28 de abril de 2010

Preconceito no mercado de trabalho

Ficou marcada em minha mente uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho, apresentada em 2007, que revelou: as categorias tradicionalmente discriminadas, como as mulheres, os negros e os homossexuais, têm sido gradualmente mais bem integradas e bem colocadas nas empresas; mas diferenças ainda existem e novas formas de preconceito estão cada vez mais fortes, especialmente contra os fumantes e os obesos. As várias formas de discriminação no mercado de trabalho, velhas e novas, foram o tema do Participação Popular que gravamos nessa quarta-feira para veiculação no dia 12 de maio. O presidente da Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara, deputado Alex Canziani, foi ladeado por Antônio Augusto Moraes, presidente do Sindivarejista/DF; por Jacira Silva, jornalista integrante do Movimento Negro Unificado e do Movimento de Mulheres Negras; José Arnaldo Guedes, secretário de trabalho do DF, e Carmen Cavalcanti, psicóloga e sócia-diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos.

Confesso que eu esperava um posicionamento mais conservador e corporativo desses participantes do setor empresarial -- afinal, normalmente quem faz exigências curriculares como "foto de corpo inteiro", "boa aparência" ou "não-fumante" não enxerga o próprio preconceito. Mas gostei de ver que a consciência sobre o problema, pelo menos, eles têm. O presidente do Sindivarejista falou sobre os eventos que são dirigidos ao empresariado para tratar do assunto; e a especialista em RH explicou o interessante conceito de que a inclusão de pessoas normalmente discriminadas resulta em mais lucro e mais abrangência para uma empresa. Ainda assim o debate foi muito intenso e caloroso, especialmente com as pungentes colocações da representante dos negros e das mulheres. Eu realmente espero que vocês gostem do programa!

Em tempo: depois da mudança de comando, o blog ficou meio à deriva por umas semanas. Mas a situação já está normalizada e eu, por ser apresentador do programa e mais afeito às cousas computacionais, fiquei designado para manter essa interface de contato. Nós todos do Participação Popular estamos, de verdade, muito interessados em saber o que nossos espectadores internautas têm a dizer, ainda mais nessem eio tão interativo que é a internet. Sugestões de assuntos ou de personagens para o programa são muito bem vindas, comentários sobre os programas também, e espero poder responder os comentários e bate-papos que acontecerem aqui. Estamos combinados?? Grande abraço!

O novo Código de Ética Médica

Que me desculpem os médicos honestos, os profissionais decentes, que ainda parecem ser maioria (ainda bem). Mas alguns absurdos que temos visto no cotidiano e no noticiário -- médicos que atuam em "parceria" remunerada com laboratórios e farmácias de manipulação, pacientes que sequer são olhados nos olhos em consultas que duram 3 minutos, pessoas que entram num hospital para fazer um cateterism e saem com uma perna amputada, falsos especialistas que exageram em diagnósticos para convencer seus pacientes a virarem clientes de suas terapias -- não podem nem devem ser tratados por nenhum termo melhor do que picaretagem. Os praticantes da má Medicina têm colocado em cheque toda a grande credibilidade que a classe ainda goza junto à sociedade.

A própria categoria médica percebeu isso e por isso passou dois anos elaborando um novo Código de Ética Médica, que finalmente entrou em vigor em abril e virou o tema do Participação Popular que vai ao ar no dia 5 de maio. Além das autações fraudulentas, o código também vem para regulamentar áreas recentes da Medicina que não eram previstas no código anterior, publicado em 1988. Gravamos o programa no dia 28 de abril, com o deputado e ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, o presidente do Conselho Federal de Medicina Roberto D´Ávila, o professor de Cardiologia da Universidade de Brasília Paulo Cesar de Jesus e o estudante da mesma UnB Lucas Alves de Brito Oliveira, que está cursando o terceiro ano de Medicina. O professor de ensino médio Jhonny Viana trouxe seu relato dramático de uma pneumonia grave que foi irresponsavelmente diagnosticada como infecção urinária.

Não podíamos deixar de tratar a questão da "medicina picareta" e dos erros médicos, e o debate foi quente, passando por temas como as grandes limitações no ensino e no debate de ética e relações humanas nas faculdades de Medicina, a falta de uniformidade entre os códigos estudantis de Medicina de todo o país, e o problema da "superespecialização", apontada pelo deputado Saraiva Felipe como uma grande causa de mau atendimento em plantões hospitalares. Garanto: para quem gosta da área de Saúde, o debate ficou imperdível. Outra vez: estreia na quarta 5 de maio, às 21h30 (se o Plenário deixar, é claro). A gente se vê! ; )